A epidemia do coronavírus começou na China e tem se espalhado pelo mundo. Com graves consequências sociais e econômicas, a chegada da doença tem colocado sob forte pressão os sistemas de saúde dos mais diversos países. Até mesmo países ricos e com sistemas públicos de saúde muito bem estruturados têm sofrido com a crise.
Há países em que não existe um sistema público de acesso gratuito e universal para toda a população, mas este não é o caso do Brasil: temos o Sistema Único de Saúde (SUS), que foi conquistado com muita luta nos anos 1980. Apesar das frequentes tentativas de governos em precarizar e desmoralizar o SUS e os seus profissionais, o sistema segue como política pública essencial para a grande maioria da população brasileira que depende dele para ter acesso a serviços de saúde dos mais diversos tipos.
Em uma crise sanitária como a provocada pelo Covid-19, quem poderá ter acesso a diagnósticos, medicamentos e tratamentos? Existem hospitais, profissionais e leitos suficientes para a crescente demanda? Uma forte política pública de investimento no SUS e seus trabalhadores é a primeira e principal frente de combate à pandemia no Brasil. O discurso privatizante e as medidas que levam à perda de direitos e ao desmonte de serviços públicos do governo Bolsonaro, assim como de governos locais, a exemplo do governador Ratinho Junior (PSD), podem custar os empregos e até a vida de muitos trabalhadores e trabalhadoras e suas famílias. Só o investimento maciço e imediato na saúde pública é que poderá atenuar os efeitos e a extensão do contágio do Covid-19, em conjunto com ações planejadas dos órgãos e profissionais da área, com o apoio de toda a sociedade.
Contudo, apenas isso não basta! São necessárias pesquisas das universidades para vacinas, tratamentos eficazes e novos medicamentos. Mas é justamente o contrário que estamos assistindo: no Brasil, em apenas 4 anos, os investimentos em educação caíram 56%, isso sem contar com o contingenciamento severo de verbas que as universidades e demais instituições públicas ligadas à pesquisa sofreram em 2019; corte de bolsas e de recursos, que enfraqueceram o potencial de produção de conhecimento no nosso país, o que pode ser fatal no contexto de crise sanitária que vivemos. É urgente mais recursos para pesquisa e atendimento em postos de saúde e hospitais, assim como abertura de concursos para a contratação de mais profissionais que realizam esses serviços públicos.
O problema nunca foi o caráter público de um serviço, mas as constantes políticas de desmonte que visam convencer a opinião pública de que a privatização seria a melhor saída. Isso é mentira! As dificuldades enfrentadas pela população ao procurar estes serviços não estão nos trabalhadores que os realizam, mas na precarização de suas condições de trabalho, o que culmina na redução da qualidade do atendimento. A crise causada pelo Covid-19 tem demonstrado isso.
Portanto, exigimos a derrubada da EC 95/2016 que estabelece teto para os gastos públicos. Quem produziu esta crise socioeconômica que pague por ela! As consequências da irresponsabilidade de governos neoliberais e dos empresários que os financiam não podem ser pagas com vidas de trabalhadores e suas famílias.