Neste momento em que, de forma oportunista, alguns usam da Pandemia do Covid-19 para atacar os serviços públicos, e, de forma especial, a Educação do Paraná, algumas pessoas têm apontado para o uso de ferramentas virtuais (EaD, Reuniões/Aulas por Skype, Zoom, Hangouts e outros) para a continuidade dos cursos presenciais de graduação. Esse tipo de proposta se caracteriza por um ataque sem precedentes ao modelo de universidade pública que temos. O exemplo da precarização e da destruição do ensino público no Paraná pode ser visto de forma materializada, real, na proposta da SEED e do governo do Estado do Paraná da educação a distância para o Ensino Médio.
A proposta limita a missão de gravar aulas para serem apresentadas em um sistema altamente duvidoso e de baixa qualidade a um grupo inicial de, no máximo, 100 professores. Iniciadas as “aulas” no sistema EaD do governo estadual no ensino médio, outros problemas se revelaram, dentre eles: falta de acesso a recursos tecnológicos adequados por parte de estudantes e professores (internet, computadores, celulares, canais de TV etc.); falta de espaços adequados ao aprendizado nas casas de estudantes; atribuição inaceitável de responsabilidades da escola para pais, mães e responsáveis pelas crianças e adolescentes nos seus lares; desconhecimento e despreparo de professores sobre como atuar no sistema EaD; exposição pública da imagem de professores atuando sem experiência didática em gravações de vídeos-aulas; limitações técnicas do software utilizado para as comunicações EaD, o que gerou o acesso a conteúdos inapropriados às idades de grupos de crianças e adolescentes; isolamento de estudantes, retirando-lhes a convivência social presencial com colegas, professores e demais profissionais do ambiente escolar, tão importante para o desenvolvimento da aprendizagem e da vivência em sociedade; etc.
É esse o futuro que queremos para nossas IEES? Como ficarão as procuras por cursos de bacharelados e licenciaturas se o governo do estado implementar a educação a distância para os(as) alunos(as) do Ensino Médio? Teremos demanda para estes cursos? Como fica a qualidade da Educação Superior? Como fica a valorização da convivência dos discentes entre eles e com seus mestres e doutores? Uma solução apressada, sem discussão, simplista, e adotada de forma provisória não pode ser o começo do fim das nossas IEES como instituições de referência no ensino, pesquisa e extensão?
É neste momento de tantas indagações que o COMANDO SINDICAL DOCENTE – CSD se posiciona veementemente contra qualquer tipo de substituição do ensino presencial, seja qual for o nome dado a ele. O momento é de crítico para enfrentarmos a pandemia, discutir a necessidade de diminuir a contaminação pelo Coronavírus, aumento de exames para diagnóstico, formas de tratamento e de isolamento social, de solidariedade, em suma formas de preservar a vida! Quando tudo isso passar, de forma organizada e reflexiva, poderemos tomar decisões condizentes com os objetivos de uma sólida educação pública, a qual não pode passar em momento algum pela substituição das aulas presenciais por arremedos virtuais.