O governador de Ratinho Jr. se vale de um discurso de conveniência, contraditório e mentiroso. Para a população, afirma que o estado do Paraná é bem administrado, moderno, que superou a crise e cresce mais que os outros estados do país. Mas, para não valorizar os serviços públicos e o trabalho de servidoras e servidores, faz um discurso totalmente inverso: afirma que a crise continua, que o estado está sem dinheiro e é incapaz de conceder reposição salarial.
Embora cause indignação, esse discurso do governador não é novo. Lembremos que, quando ainda era candidato, Ratinho Jr. “defendeu a reposição salarial para servidores”; disse que ia negociar “com os servidores um planejamento de reajuste para os quatro anos, para que não seja necessário discutir ano a ano a questão” (acesse o site e confira as principais promessas feitas pelo então candidato Ratinho Jr.: https://bit.ly/promessasratinhojr). E mais, afirmou que estava defendendo a reposição de 2,7% ainda em 2018, pois, em suas palavras, “o servidor público já se sacrificou demais”. No entanto, o fato é que, em 2 anos e meio de governo, Ratinho Jr. nunca se sentou para negociar nada com os servidores públicos. Com isso, o sacrifício dos servidores já passou de 13% para 27% de defasagem salarial.
Por conta da intransigência em negociar, somente uma greve (2019) foi capaz de tirar um compromisso (ainda que medíocre) do governo com alguma reposição salarial – um acordo que não implicava reposição, mas, no máximo, amenizava as perdas vindouras. Mas nem mesmo isso o “homem sensível ao sofrimento” dos servidores cumpriu: não deu a reposição de 1,5% de janeiro de 2021.
Sem “meia-verdade”, pode-se dizer que, se escondendo sob a carapaça de “bom moço”, o governo de Ratinho Jr. é marcado pela truculência e pela intransigência ante as demandas dos servidores. Em 2 anos e meio de seu mandato, Ratinho Jr. enviou para a Alep (Assembleia Legislativa do Paraná) projetos nefastos para os servidores – perda da licença especial, aumento da alíquota da previdência, rebaixamento da contraparte que cabe ao estado da alíquota previdenciária – e a defasagem salarial em seu governo já é maior do que a dos 8 anos do governo Beto Richa.
Por sua vez, enquanto alega não ter dinheiro para repor os salários dos servidores públicos, o governo apresenta Leis de Diretrizes Orçamentárias com elevadas previsões de renúncia fiscal: R$ 12 bilhões em 2021; R$ 17 bilhões em 2022. Numa administração em completa desconformidade com os interesses públicos, o governo de Ratinho Jr. é mais do mesmo na política brasileira, pois alinha-se àqueles que, em nível nacional – como Bolsonaro, Guedes e tantos outros –, querem o desmonte dos serviços públicos. Portanto, sob novas formas, o governo de Ratinho Jr. é o velho clientelismo que efetua a sujeição desavergonhada do estado aos interesses dos poderes econômicos dominantes.
Sabemos que, por conta da urgência da pandemia e da pressão da opinião pública, o governo foi obrigado a contrariar os seus interesses privatistas na área da saúde e, a contragosto, expandir os investimentos. No entanto, sob a espessa névoa da pandemia, o governo de Ratinho Jr. fez “passar a boiada” do desmonte dos serviços públicos: ausência de reposição salarial aos servidores, não abertura de concursos públicos, terceirização de cargos nas universidades e escolas, regressão no orçamento das universidades e institutos de pesquisa, fragilização da fiscalização ambiental (o Paraná continua como um dos campeões no desmatamento da Mata Atlântica), falta de investimento em transporte público, inexistência ou apoio financeiro medíocre aos pequenos empresários, ausência de política de combate ao desemprego e de habitação popular etc.
Enfim, ainda mais do que o anterior, o atual governador do Paraná, Ratinho Jr., se esmera nas propagandas televisivas e nas redes sociais para transmitir uma imagem que não apenas destoa, mas que, muitas vezes, é o inverso da realidade. Em meio ao amálgama de poderes que dificulta o uso do termo democracia no estado, a única saída que resta aos servidores públicos é intensificar o esforço de organização e mobilização pelos direitos trabalhistas e contra o arrocho salarial. E mais, com a vacinação em curso, temos que retomar a mobilização nos locais de trabalho e nas atividades de rua para, em breve, contra um governo intransigente e que não negocia, ajudar a construir uma grande mobilização em Curitiba e, principalmente, uma greve geral dos servidores públicos paranaenses.
– Contra o arrocho! Por imediata reposição salarial integral!
– Contra o congelamento das progressões e promoções!
– Abaixo Ratinho Jr. e os lacaios do empresariado paranaense!
Comando Sindical Docente.